COMBATE AO DESPERDÍCIO DO PESCADO: PORTUGAL RECEBE ESPECIALISTAS DA NORUEGA E ISLÂNDIA
B2E – CoLAB para a Bioeconomia Azul lidera projeto de cooperação bilateral para a valorização dos coprodutos marinhos
Portugal vai recebeu, no dia 18 e 19 de outubro, representantes dos clusters de inovação da Noruega e da Islândia para um evento pioneiro em Portugal, com vista a promover a indústria dos coprodutos marinhos. A visita surgiu no âmbito do projeto “Roadmap4MarineCoproducts – Rumo ao Futuro na Valorização de Recursos Marinhos”, financiado pelos EEA Grants, no âmbito do Fundo de Relações Bilaterais, e coordenado pelo B2E – CoLAB para a Bioenomia Azul (B2E CoLAB).
A Noruega e a Islândia são líderes na área de maximizar o valor de cada peixe, transformando o desperdício do pescado em produtos úteis e de valor acrescentado. “Este intercâmbio não só beneficiou a indústria portuguesa, mas também contribuiu para a promoção do setor de coprodutos marinhos em Portugal. A partilha de conhecimento entre diferentes países poderá levar à identificação de oportunidades de colaboração, investimento e parcerias de negócio com os investidores da Noruega e da Islândia, que têm uma experiência significativa neste setor”, explica a coordenadora executiva do B2E CoLAB, Maria Coelho.
Trata-se de um projeto, acrescenta a responsável, “que é um testemunho do compromisso que tem vindo a ser assumido pelo B2E CoLAB em identificar, valorizar e alavancar os coprodutos gerados pelas atividades da bioeconomia azul. Em vez de olharmos para esses recursos como «subprodutos» ou «resíduos», preferimos vê-los como ativos valiosos que têm muito a oferecer à nossa economia e ao meio ambiente.
A presença dos representantes do Norwegian Seafood Innovation Cluster (NCE Seafood Innovation) e do Iceland Ocean Cluster (IOC) passou por uma visita às empresas de conservas Ramirez & Cª (Filhos), SA e Portugal Norte. Desta forma, foram dadas a conhecer as operações e abordagens de empresas portuguesas no que diz respeito à valorização de coprodutos marinhos, mas também partilhadas as boas práticas que são desenvolvidas na Noruega e na Islândia.
Numa altura em que os dados apontam para que mais de 10 milhões de toneladas de resto de pescado em todo o mundo sejam desperdiçados, apesar da sua qualidade, o aproveitamento de cabeças, espinhas ou peles de pescado apresentam-se como oportunidades valiosas de promover a circularidade e o aparecimento de novas cadeias de valor. Um exemplo interessante do potencial deste setor vem da Islândia, onde 100% do bacalhau é aproveitado: os filetes para consumo alimentar, tudo o resto (espinhas, pele) tem usos variados em indústrias como a neutracêutica ou farmacêutica, e no setor têxtil e do calçado, para além da tradicional farinha de peixe.
No dia 18 de outubro, da parte da tarde, decorreu, ainda, uma conferência de networking sobre a Valorização de Coprodutos Marinhos. O evento contou com a presença de representantes dos clusters norueguês, Björgolfur Hávardsson e Cathrine Ulvatn, e islandês, Alexandra Leeper, bem como de especialistas e líderes de empresas nacionais e internacionais na área dos coprodutos marinhos: Maria João Mota (Gestora de Inovação da Soja de Portugal), André Almeida (R&D e Diretor de Negócios da ETSA), Luísa Valente (professora ICBAS e investigadora CIIMAR), Tiago Henrique Silva (investigador principal da Univerdidade do Minho/ 3B’s Research)
A sessão de abertura foi presidida pela vereadora das Atividades Económicas da Câmara Municipal de Matosinhos, Marta Pontes.
Sobre o B2E – CoLAB para a Bioeconomia Azul:
O B2E – CoLAB para a Bioeconomia Azul é uma entidade privada sem fins lucrativos portuguesa, com o objetivo de acrescentar valor à economia e à sociedade. Na área da bioeconomia azul – aquacultura, biotecnologia marinha e recursos marinhos vivos –, o B2E CoLAB atua em vários campos, como a cooperação e colaboração com associados (centros de investigação, universidades, empresas e interfaces tecnológicos) e stakeholders nacionais e internacionais, assessoria a produtores e empreendedores na procura e obtenção de apoio financeiro, capacitação à medida de RH, desenvolvimento de estratégias e análises de mercado, proteção e valorização do conhecimento, promoção e comunicação.
Sobre a Ramirez
A Ramirez & Cª (Filhos), SA, que está a assinalar 170 anos de atividade, é a mais antiga indústria de conservas de peixe do mundo em laboração, e, simultaneamente, a mais moderna e ecológica unidade do setor. Liderada pela quinta geração da família homónima, a Ramirez produz mais de 200 produtos e comercializa 17 marcas próprias, a maioria já centenárias, para 60 mercados. A segurança alimentar, a economia circular (com a valorização de coprodutos) e a sustentabilidade da produção (pesca sustentável, produtos bio, energia verde e utilização da água da chuva) são pilares estruturantes da sua atividade. Toda a produção é impulsionada por energia verde, sendo que 40% da energia elétrica é gerada internamente através de painéis fotovoltaicos. A restante energia elétrica necessária é proveniente da rede, mas com a garantia de certificação verde. Além disso usa métodos sustentáveis para produzir calor, optando pelo uso de biomassa florestal ou gás natural. Valoriza também a água da chuva, que é armazenada e posteriormente utilizada no circuito de lavagem da fábrica e das latas. Para fortalecer o seu compromisso com o meio ambiente, e com o intuito de se tornar energeticamente autossuficiente, em 2024 irá investir na instalação de novos painéis fotovoltaicos atingindo uma autoprodução que cobrirá 60% da sua necessidade de energia elétrica. Com este investimento terá uma capacidade de 900 megawatts. Com 220 colaboradores, produz anualmente cerca de 50 milhões de latas.
Sobre a Conservas Portugal Norte
Fundada em 1912, a CONSERVAS PORTUGAL NORTE, LDA. é uma empresa familiar, com larga tradição no setor da produção e comercialização de conservas de pescado, nomeadamente Sardinha, Atum e Cavala, entre outros, nos mais diferentes molhos e apresentações. A sua unidade fabril está localizada em Matosinhos – PORTUGAL, bem próximo do porto de pesca, o que lhe garante um fornecimento diário de peixe fresco.
Ao longo dos anos, alia o desenvolvimento constante de produtos inovadores à manutenção da qualidade da Tradição Portuguesa em conservas de peixe, maximizando sempre o excelente paladar dos seus produtos. Todas as fases do processo produtivo, desde a criteriosa seleção da matéria-prima, bem como, o controlo eficaz da produção, são partes integrantes de um rigoroso processo de análise e controlo dos pontos críticos (HACCP). A Portugal Norte é detentora das marcas “PORTHOS”, “INÊS” e “CONSERVEIRA”, entre outras, sendo reconhecida nos quatro cantos do mundo pela qualidade dos seus produtos. Sempre preocupada com as necessidades dos seus clientes, o principal objetivo desta empresa é oferecer um produto saudável (totalmente natural, sem quaisquer conservantes e muito rico em Ómega-3), de excelente qualidade e a preços competitivos.
Sobre os EEA Grants:
Através do Acordo sobre o Espaço Económico Europeu (EEE), a Islândia, o Liechtenstein e a Noruega são parceiros no mercado interno com os Estados-Membros da União Europeia. Como forma de promover um contínuo e equilibrado reforço das relações económicas e comerciais, as partes do Acordo do EEE estabeleceram um Mecanismo Financeiro plurianual, conhecido como EEA Grants. Os EEA Grants têm como objetivos reduzir as disparidades sociais e económicas na Europa e reforçar as relações bilaterais entre estes três países e os países beneficiários.Para o período 2014-2021, foi acordada uma contribuição total de 2,8 mil milhões de euros para 15 países beneficiários. Portugal beneficiará de uma verba de 102,7 milhões de euros. Saiba mais em eeagrants.gov.pt.