Sem categoriaProdutos alimentares inovadores com base marinha – o futuro passa por aqui?

Produtos alimentares inovadores com base marinha – o futuro passa por aqui?

Sabia que existem mais de 50 produtos inovadores com ingredientes marinhos prontos a ir para a sua mesa?

 

“É difícil fazer previsões especialmente sobre o futuro” (existem dúvidas sobre a autoria desta frase, sendo certo que o Físico Dinamarquês e Prémio Nobel, Niels Bohr a proferiu). Este artigo não pretende contrariar a afirmação, mas deixar uma pequena provocação: a base marinha estará na tendência futura dos produtos alimentares inovadores?

 

Novos Alimentos vs Alimentos Inovadores

Em primeiro lugar gostaríamos de deixar um esclarecimento para diferenciar “Novos Alimentos” de “Alimentos Inovadores”. De forma sumária, podemos caracterizar os novos alimentos (ou novos ingredientes) os não ingeridos na UE, a um nível significativo, antes de 15 de maio de 1997. Estes podem ser alimentos desenvolvidos recentemente, alimentos que usam novas tecnologias e processos de produção, bem como alimentos tradicionalmente consumidos fora da UE (pode consultar o catálogo de novos alimentos em: https://webgate.ec.europa.eu/fip/novel_food_catalogue/).

Apenas a titulo de exemplo, podemos referir alguns dos novos alimentos, como as sementes de chia (produtos agrícolas de países terceiros); a proteína de colza (extrato de alimentos já existentes); o pão tratado com UV para aumentar o teor de vitamina D (novo processo de produção alimentar), óleo rico em DHA, ácido docosa-hexaenóico, um dos três ácidos gordos que constituem o ómega 3 (produzido a partir de microalgas), e mais recentemente foi aprovada a colocação no mercado da larva seca de Tenebrio molitor (inseto). Estes produtos alimentares encontram-se legislados no Regulamento (UE) 2015/2283 relativo a novos alimentos, assim como no Regulamento (UE) 2470/2017 que estabelece a lista da União de novos alimentos, em conformidade com o regulamento anterior.

 

Os alimentos inovadores são alimentos que surgem no mercado como uma resposta às exigências do consumidor, motivadas por novos hábitos alimentares (fast-food), intolerâncias alimentares (glúten), crenças religiosas (kosher), sustentabilidade ou simplesmente para aumentar o prazer do palato com novas formulações ou receitas. 

 

 

Como poderá ter surgido esta tendência?

As razões apontadas para esta tendência poderão ser os benefícios das algas marinhas e do pescado. As algas são ricas em nutrientes e minerais essenciais. A sua composição ajuda a melhorar a saúde óssea e tensão arterial, assim como ajuda ao fortalecimento do cabelo, pele e unhas, bem como potencia a função cognitiva e cerebral, o bom funcionamento renal e o aumento da saciedade. Por outro lado, o pescado, em geral, é rico em ácidos gordos ómega 3, o que traz benefícios cardíacos e cognitivos. Associadas a estas características nutricionais temos a preocupação com a sustentabilidade ambiental, em reduzir o consumo de animais com a substituição por algas ou microalgas com o irresistível sabor a mar.

Supomos que a principal razão desta tendência seja o bem-estar, a saúde e a sustentabilidade, que caminham, cada vez mais, lado a lado, refletindo a preocupação das pessoas com a sua própria saúde e a saúde do planeta.

 

Onde podemos encontrar estes produtos?

Regressando à provocação inicial, a base marinha, mais que uma moda, é uma tendência futura dos produtos alimentares inovadores. Já podemos contar no mercado com mais de 50 produtos, recentemente lançados, com adição de algas, microalgas ou outros ingredientes de origem marinha. São exemplo de alguns desses alimentos inovadores as pastas/massas com vários sabores a mar, hambúrgueres e outros acompanhamentos, algas como ingredientes frescos ou desidratados, refeições pré-preparadas, snacks, biscoitos, conservas, temperos e até alimentos para bebés.

A existência de alimentos inovadores com base marinha surge, muitas vezes, a partir de ideias e desafios apresentados em concursos nacionais e europeus, promovidos pelas universidades ou centros de investigação.

Há mais de uma década que instituições de ensino superior e de investigação têm vindo a desenvolver algumas iguarias, como o pão do mar, gelado artesanal de algas e kefir, paté de lapa com medronho e almôndegas de cavala, molho pesto com tremoço e microalgas, tartelette de Clorela amarela, gelado à base de bebida de amêndoa e nata vegetal com crips de alga marinha wakame, e muitos outros produtos, alguns deles já comercializados.

Uma outra forte evidência desta tendência são os produtos apresentados no concurso europeu de ideias de alimentos inovadores, o Ecotrophelia. A nível nacional, o Ecotrophelia seleciona 10 produtos para concurso. Nas últimas três edições, entre os produtos escolhidos, incluíam-se alimentos com, pelo menos, um ingrediente de base marinha (um em 2019, quatro em 2020 e um em 2021).

 

Destaque para alguns produtos inovadores já no mercado nacional:

Referências

  1. Patrícia da Silva Liberato, Filipa Melo Vasconcelos (2020). Os desafios dos Novos Alimentos enquanto Alimentos de Futuro. Riscos e Alimentos nº 19. ASAE.
  2. Regulation (EU) 2015/2283 of the European Parliament and Council of 25 November 2015 on novel foods.
  3. Regulation (EU) 2470/2017 establishing EU’s list of novel foods in accordance with Regulation (EU) 2015/2283 of the European Parliament and of the Council on novel foods.
  4. Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar. 2015. URL. Consulted in December 2021.
  5. Ecotrophelia. 2021. URL. Consulted in November 2021.
  6. Continente. 2021. URL. Consulted in October 2021.
  7. El Corte Inglês. 2021. URL. Consulted in October 2021.
  8. Wissi Website. 2021. URL. Consulted in October 2021.
  9. Valor Mar Project. 2021. 2021. URL. Consulted in November 2021.
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