NewsPortugal quer gerar novas cadeias de valor com desperdícios do pescado

Portugal quer gerar novas cadeias de valor com desperdícios do pescado

B2E – Laboratório Colaborativo para a Bioeconomia Azul lidera projeto de cooperação bilateral com Noruega e Islândia

Aproveitar as cabeças, vísceras ou espinhas de peixes, que geralmente vão para o lixo, e transformá-las em colágeno, ou criar um óleo de peixe rico em ômega-3. Estas são apenas duas das várias oportunidades que servem de exemplo ao projeto “Roadmap4MarineCoproducts – Rumo ao Futuro na Valorização de Recursos Marinhos”, liderado pelo B2E – Laboratório Colaborativo para a Bioeconomia Azul.

Estima-se que mais de 10 milhões de toneladas de restos de pescado não consumido, mas de qualidade, são desperdiçados em todo o mundo. Mas esses resíduos, como cabeças, espinhas, pele ou vísceras, representam uma potencial fonte de valor acrescentado para a indústria, para a competitividade e para uma produção mais responsável do ponto de vista do meio ambiente.

O projeto Roadmap4MarineCoproducts tem, exatamente, como objetivo aprender com os exemplos da Noruega e Islândia, líderes nesta área de maximizar o valor de cada peixe, transformando o desperdício do pescado em produtos úteis e com valor acrescentado.

“Com base nesta cooperação bilateral, vamos identificar as melhores ideias de negócio e práticas da economia circular. Ao colaborar com especialistas internacionais e aproveitar as lições aprendidas na Noruega e na Islândia, podemos impulsionar o aparecimento de novos negócios e promover a sustentabilidade económica também em Portugal”, advoga Maria Coelho, coordenadora executiva do B2E CoLAB. 

Utilizando as partes não aproveitadas de peixes, algas, mariscos e outros organismos marinhos – denominados como coprodutos – criam-se novos produtos utilizados em diversos setores, desde a indústria alimentar até à indústria farmacêutica. Na Islândia, por exemplo, pele, cabeças e espinhas do peixe são transformadas em produtos como excertos de pele para tratar queimaduras de feridas, colágeno, óleo de peixe rico em ómega-3, ou farinha de peixe rica em proteínas. O objetivo final é chegar ao desperdício zero do pescado, criando simultaneamente valor para a economia e a sociedade.

Segundo Maria Coelho, o projeto “pretende impulsionar a inovação e promover o crescimento sustentável do setor em Portugal, transformando os coprodutos do pescado em oportunidades de negócio que beneficiem a economia circular e, por consequência, o meio ambiente”. Desta forma, acrescenta a coordenadora executiva do B2E CoLAB, “as empresas portuguesas terão a oportunidade de diversificar os seus negócios, criar produtos inovadores e estabelecer parcerias estratégicas tanto a nível nacional como internacional”.

O projeto Roadmap4MarineCoproducts é liderado pelo B2E – Laboratório Colaborativo para a Bioeconomia Azul e financiado pelos EEA Grants. A iniciativa reúne parceiros estratégicos e o seu conhecimento através da colaboração transfronteiriça, como o Norwegian Seafood Innovation Cluster (NCE Seafood Innovation) e o Iceland Ocean Cluster (IOC), e as suas redes de associados, nomeadamente empresas e ecossistemas de inovação, num total de quase 200 entidades.

Nesta fase, o projeto pretende fazer um levantamento sobre tecnologias inovadoras e práticas sustentáveis existentes, fazer um mapeamento sobre as diferentes cadeias de valor da indústria do setor em Portugal, identificando os tipos de coprodutos gerados e explorando as possibilidades de sua utilização em diversas áreas, como a alimentação, a indústria têxtil, a carpintaria e outras indústrias, bem como ações de networking entre Portugal, a Noruega e a Islândia. O objetivo final é a elaboração de um roteiro português que guie o setor na implementação de modelos de economia circular e na maximização do potencial dos coprodutos marinho.

Sobre os EEA Grants:

Através do Acordo sobre o Espaço Económico Europeu (EEE), a Islândia, o Liechtenstein e a Noruega são parceiros no mercado interno com os Estados-Membros da União Europeia. Como forma de promover um contínuo e equilibrado reforço das relações económicas e comerciais, as partes do Acordo do EEE estabeleceram um Mecanismo Financeiro plurianual, conhecido como EEA Grants.

Os EEA Grants têm como objetivos reduzir as disparidades sociais e económicas na Europa e reforçar as relações bilaterais entre estes três países e os países beneficiários.

Para o período 2014-2021, foi acordada uma contribuição total de 2,8 mil milhões de euros para 15 países beneficiários. Portugal beneficiará de uma verba de 102,7 milhões de euros.

Saiba mais em eeagrants.gov.pt.

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