NewsSoja de Portugal: Inovação e pioneirismo

Soja de Portugal: Inovação e pioneirismo

Há mais de três décadas, a Soja de Portugal mergulhou na área da bioeconomia azul, moldando o curso da nutrição animal, nomeadamente na aquacultura. Em antecipação às mudanças regulatórias e na procura de novas fontes de proteína, a empresa tem marcado pontos na inovação. Cinco perguntas a António Isidoro, presidente do conselho de administração da Soja de Portugal, e vice-presidente do B2E CoLAB.

Quais são os principais resultados do trabalho da Soja de Portugal no âmbito da bioeconomia azul?

A Soja de Portugal integrou o ecossistema da bioeconomia azul em 1989, quando estabelecemos um protocolo com o ICBAS para ser o parceiro industrial num projeto destinado a iniciar a produção de salmão em Portugal. A partir desse momento, dedicamo-nos ao desenvolvimento de um extenso trabalho na área da nutrição animal. Em 1993, concretizamos a primeira venda comercial de alimentos para aquacultura. Assim, ao longo dos últimos 30 anos, temos vindo a criar soluções nutricionais para peixes de aquacultura, abrangendo diversas espécies. Começamos com espécies essencialmente da zona do Mediterrâneo, como a dourada e o robalo, mas expandimos posteriormente para outras variedades. Um marco significativo ocorreu no final de 2006, com a aquisição da Savinor, momento em que passamos a deter a área dos coprodutos provenientes da carne e do peixe. Conseguimos, então, reintroduzir na nutrição animal, especialmente na aquacultura, matérias-primas derivadas desses coprodutos, como o óleo de peixe e a farinha de peixe.

Um projeto no domínio da bioeconomia azul desenvolvido pela Soja de Portugal e do qual se orgulhe.

Um dos momentos em que nos tornamos diferenciadores foi em 2013, com as alterações legislativas que nos permitiram utilizar proteínas animais transformadas, nomeadamente a farinha de carne de aves e farinhas de penas, como matérias-primas na produção de nutrição. Conseguimos antecipar essas mudanças na legislação e, por isso, no dia em que esta entrou em vigor, estávamos aptos a produzir matérias-primas que até então estavam restritas. Já usávamos essas matérias-primas, mas o único destino delas era o pet food. A alteração desse paradigma acrescentou valor a esses recursos. Este trabalho teve início em 2010, foi realizado pela equipa técnica da AquaSoja, numa fase de preparação e testes para apresentação no mercado. Foi um marco muito importante em termos de inovação.

Um projeto ou ideia que gostaria de implementar na bioeconomia azul?

Tudo o que envolva novas fontes de proteína, como os insetos, área na qual já estamos a trabalhar, e as algas, por exemplo. Existem vários projetos em desenvolvimento e continuaremos a trabalhar no sentido de antecipar quaisquer alterações legislativas, incluindo a possibilidade de utilização das farinhas de carne, especialmente as provenientes de mamíferos, algo que continua proibido pela legislação. Tudo o que represente novas fontes de proteína é um caminho a seguir.

Como imagina a bioeconomia azul daqui a 30 anos?

Visualizo uma proteção cada vez maior dos recursos marinhos, que são escassos, com a preservação das fontes tradicionais de matérias-primas marinhas e a descoberta de novas fontes que podem derivar do mar, como as algas, por exemplo, e outras potenciais fontes ainda desconhecidas. Existe uma consciência crescente da necessidade de substituir as matérias-primas provenientes de recursos escassos por outras, mantendo os resultados ou até superando-os. A crescente necessidade de produzir mais alimentos de forma sustentável, considerando o aumento populacional, será vista de uma perspetiva muito mais sustentável do ponto de vista ambiental, económico e da biodiversidade.

Qual é a importância do trabalho realizado pelo B2E CoLAB?

A Savinor e a Sorgal, do grupo Soja de Portugal, tornaram-se sócias fundadoras do B2E CoLAB porque sempre mantivemos uma postura colaborativa e inovadora com as instituições. Fomos convidados pela Professora Luísa Valente e aceitamos, porque acreditamos que a inovação não se desenvolve apenas através de mecanismos internos, com grandes laboratórios e equipas extensas. Abraçamos esse desafio por entendermos a importância da colaboração no crescimento dos negócios, unindo o contexto empresarial ao científico. O B2E CoLAB representa uma espécie de start-up e a sua relevância reside no papel crucial que desempenham na ligação entre o contexto empresarial em que operamos e todo o contexto científico que apoia o desenvolvimento na bioeconomia azul. As empresas portuguesas devem estar cientes de que, sozinhas, não conseguirão progredir e devem aproveitar o conhecimento disponível em Portugal.

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