NewsOcean in Loop: Inteligente, Circular, Azul

Ocean in Loop: Inteligente, Circular, Azul

No caminho para uma economia azul circular e regenerativa, o conhecimento e a tecnologia já existem — o desafio está em escalar, cooperar e agir com propósito e visão.

A recente edição do Blue Wink-E 2025, sob o tema “Ocean in Loop”, reuniu especialistas, investigadores, empreendedores e decisores para refletir sobre o futuro da economia azul. Num momento crucial para a preservação dos recursos marinhos, o evento destacou soluções circulares e regenerativas que estão a transformar cadeias de valor, gerar novas oportunidades de negócio e reforçar a ligação entre ciência, indústria e políticas públicas.

Wayne Visser, especialista mundial em sustentabilidade, lançou o desafio: não basta mitigar os danos ambientais — é preciso regenerar os sistemas naturais e sociais. E defendeu que é essencial comunicar com narrativas que inspirem e mobilizem. Só com mensagens capazes de despertar sentido de propósito — e não apenas de urgência — conseguiremos ativar as seis transições que Wayne Visser propõe: ecológica, social, tecnológica, de saúde, de recursos e de resiliência. Este é o caminho que cada um de nós pode ajudar a construir para uma sociedade que não se limite a sobreviver, mas que verdadeiramente possa prosperar.

Foi com este espírito de visão transformadora e ação concreta que aconteceram as mesas redondas do evento, centradas nas inovações circulares da economia azul e na sua capacidade de gerar soluções sustentáveis para os desafios globais.

Com as várias intervenções ficou evidente que as boas práticas e as inovações tangíveis existem. São já soluções concretas, empresas que transformam subprodutos de pescado em refeições prontas e nutritivas, em tecidos tipo “couro”, ou em snacks para animais domésticos. Projetos como a plataforma inteligente Fish Matter, liderado pelo B2E CoLAB, e inserido na agenda mobilizadora Pacto da Bioeconomia Azul, mostram também como a economia circular pode ser mais do que um conceito — pode ser prática de mercado e motor de crescimento. Outros projetos envolvendo a indústria e centros de investigação, como o CIIMAR, na área da rastreabilidade, na valorização de subprodutos marinhos, na biotecnologia aplicada à saúde e aos cosméticos, na aquacultura com impacto reduzido, são igualmente exemplo de iniciativas concretas, em funcionamento, com impacto real.

Contudo, continua a haver a necessidade de redesenhar cadeias de valor, conectar inovação científica à capacidade industrial, e envolver os consumidores através da literacia e da transparência. É, por isso, imperativo continuar a promover a cooperação intersectorial, estabelecendo pontes entre a investigação, as empresas, o setor público, os investidores e sociedade civil de forma a alavancar o potencial da economia azul.

Este é precisamente o papel que o B2E CoLAB assume: um laboratório colaborativo, onde se cruzam competências e se ativam redes para tornar a inovação utilizável e escalável. É esta lógica de ecossistema que permitirá transformar conhecimento em impacto económico e ambiental.

Existem em Portugal outros fatores cruciais para a afirmação do oceano como um agente ativo de inovação sustentável e criação de valor. A economia azul engloba vários setores que vão desde a aquacultura, biotecnologia, energia renovável offshore, transporte marítimo e turismo costeiro que têm maturidades e dinâmicas próprias. É, por isso, necessário, definir os setores nos quais Portugal quer ser líder estratégico, e criar políticas públicas consistentes e eficazes. Esta abordagem deve ser diferenciada e não tentar tratar a economia azul como um bloco homogéneo. Para sustentar esta visão, será igualmente importante garantir ciclos de financiamento alargados e estabilidade operacional para que os bons exemplos não fiquem isolados.

Os desafios existem, mas o Blue Wink-E 2025 trouxe uma mensagem otimista e inspiradora: existe talento, capacidade tecnológica, um tecido empresarial disponível para inovar, consumidores despertos e um ambiente político que aposta cada vez mais em agendas de transição para uma economia circular e regenerativa.

Não há fórmulas mágicas, mas há um caminho. E já o estamos a trilhar.

É neste sentido que o B2E CoLAB continuará a promover espaços de diálogo, experimentação e cooperação, apoiando soluções que tornem a economia azul mais resiliente, circular e centrada nas pessoas e no planeta.

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