NewsJovens e Literacia dos Oceanos: A Grande Desconexão

Jovens e Literacia dos Oceanos: A Grande Desconexão

Um novo estudo global revela uma preocupante falta de literacia oceânica entre os jovens, destacando uma desconexão entre a sua perceção do estado dos oceanos e a realidade das ameaças que estes enfrentam. Apesar de 75% dos jovens inquiridos expressarem preocupação com a saúde dos oceanos, quase metade (47%) ainda acredita que estes permanecem saudáveis, conforme mostra a iniciativa Back to Blue.

O estudo, que envolveu 3.500 jovens entre os 18 e os 24 anos em 35 países, identifica que a consciência sobre os desafios oceânicos continua a ser baixa, mesmo em países diretamente afetados pela poluição marinha e pela degradação dos recifes de coral, como a República Dominicana, Porto Rico e as Filipinas. Para além disso, 61% dos jovens acredita que problemas como a desflorestação, a poluição do ar e a escassez de água doce devem ser priorizados em relação à conservação dos oceanos. Mais alarmante ainda, 50% não compreendem como os oceanos os afetam diretamente.

Em declarações à Euronews, Peter Thomson, das Nações Unidas para os Oceanos, classifica esta situação como “surpreendente e alarmante”, uma vez que pode comprometer o progresso das políticas e investimentos destinados à proteção do ambiente marinho. “Precisamos de investir na educação dos jovens sobre a importância da saúde dos oceanos e nas formas de os proteger para o futuro”, afirmou.

 

Falta de exigência

Outro dado preocupante é a falta de exigência por parte dos jovens para que governos e empresas assumam um compromisso mais sólido na preservação dos oceanos. Apenas 17% acredita que as corporações devem assumir mais responsabilidades, e menos de metade defende ações governamentais para assegurar a saúde dos mares.

Emma McKinley, especialista em literacia oceânica da Universidade de Cardiff, sublinha, em declarações à Euronews, que a falta de conhecimento sobre as ameaças ao oceano impede os jovens de pressionar decisores políticos e setores empresariais. “Este estudo sugere que nem todos os jovens reconhecem a necessidade de exigir mais ação dos governos e do setor privado para priorizar a saúde dos oceanos”, aponta.

Os autores do estudo defendem a inclusão da literacia oceânica nos currículos escolares como uma estratégia fundamental para equipar as novas gerações com o conhecimento necessário para enfrentar os desafios ambientais e proteger os oceanos. “O oceano continua a ser uma das áreas mais negligenciadas e subfinanciadas da sustentabilidade global, apesar de ser essencial para a nossa economia e para a mitigação das alterações climáticas”, alerta Peter Thomson, no estudo publicado pela Back to Blue.

A Back to Blue é uma iniciativa global dedicada à promoção da sustentabilidade dos oceanos, focando-se na sensibilização e educação sobre a importância da saúde marinha.

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