NewsEcossistemas de Inovação: desafios e perspectivas para a Biotecnologia Marinha

Ecossistemas de Inovação: desafios e perspectivas para a Biotecnologia Marinha

Um novo paradigma económico global emergiu no início deste século, baseado no papel que os oceanos podem desempenhar no desenvolvimento sustentável, a Economia Azul. Operando em várias atividades económicas destaca-se a biotecnologia marinha como um potencial elevado de consolidação, visto que abrange um amplo conjunto de aplicações em vários setores como o alimentar, farmacêutica e entre outros.

 

O elevado potencial de crescimento é devido à ampla biodiversidade marinha. Contudo, há fatores inibidores que podem impactar o seu desenvolvimento, tais como a necessidade de infraestruturas adequadas e capital humano qualificado; investimentos elevados na fase de I&D; enquadramento e arcabouço legal que não acompanham o ritmo dos avanços na biotecnologia marinha; comunicação efetiva ao longo da cadeia de valor; e dificuldade de comercialização relacionada com a percepção destes produtos pela sociedade empresarial e a civil.

 

Desta forma, o desenvolvimento da biotecnologia marinha encontra-se dependente da criação de ecossistemas de inovação e, nestes, um conjunto de organizações (stakeholders) atuam em grupo, formando uma rede organizacional que concretiza uma proposta de valor conjunta. Contudo, a formação do ecossistema em biotecnologia marinha é complexa por envolver equipas dotadas de expertise diversificado, infraestrutura física e tecnológica, sendo uma colaboração transdisciplinar entre organizações científicas e industriais, sociedade civil e governo.

 

A efetividade desse ecossistema é dependente, a princípio, de metodologias organizacionais e de mecanismos institucionais. Para o primeiro destaca-se o framework Investigação, Desenvolvimento e Inovação Responsável, baseando-se em três princípios: a ciência feita para a sociedade; a ciência feita na sociedade; e a ciência responsável, ética e transparente.

 

Traduzindo em termos práticos os princípios do framework em ecossistemas de biotecnologia marinha consiste no desenvolvimento de inovações tecnológicas (e.g., soluções, produtos e serviços) resultantes de uma ação colaborativa entre os stakeholders. Para tal é fundamental a gestão de expectativas relativamente aos resultados da atividade colaborativa de IDI consubstanciada em contratos robustos; provando confiança na cadeia de valor e modelos de negócio complementares. Ao mesmo tempo, a sociedade deverá de ser incluída, apontando a aceitação/legitimidade pública, fundamental para a fase da comercialização. A aplicação deste framework encontra pontos críticos existentes nos ecossistemas, como a comunicação entre os stakeholders e, consequentemente, o seu impacto na coordenação e partilha de recursos ao longo da cadeia de valor que o constitui, podendo impactar a comercialização dos resultados advindos das atividades de I&D.

 

A narrativa com base nos princípios deste framework, de que a ciência deve ser a fonte de respostas a questões socioeconómicas de forma sustentável e inclusiva, têm influenciado o governo a definir mecanismos institucionais, demonstrado um compromisso crescente com o desenvolvimento da economia azul e áreas relacionadas. Um exemplo desse esforço é a iniciativa de construir o Centro Internacional de Biotecnologia Azul em Matosinhos, com previsão de funcionamento em 2030; um empreendimento que visa transformar Portugal num player relevante no contexto global, aproveitando as suas características geográficas e recursos naturais para impulsionar a inovação científica e tecnológica no campo da biotecnologia marinha. Quanto às agências, destaca-se a Agência Nacional de Inovação (ANI) que tem um papel importante na formação destes ecossistemas, cujo apoio direto se traduz no número de oportunidades de financiamentos públicos e no estabelecimento de uma estrutura nacional, composta por organizações responsáveis pela transferência do conhecimento e tecnologia entre as organizações de pesquisa com a indústria. Dentro desta, destacam-se os Laboratórios Colaborativos (CoLAB´s).

 

O B2E CoLAB possui recursos organizacionais, físicos, tecnológicos e humanos destinados a potenciar o ecossistema para as mais variadas áreas da bioeconomia azul, destacando-se a biotecnologia marinha e o ecossistema por afiliação em desenvolvimento. Este ecossistema baseia-se numa plataforma para a valorização de coprodutos marinhos, o FishMatter. O FishMatter é uma plataforma digital que possibilita relações entre parceiros e potencializa as interações entre estes, promovendo o aumento na criação de valor dos projetos envolvidos.  A plataforma FishMatter visa criar um mercado e novas cadeias de valor para os coprodutos marinhos garantindo um aumento do valor económico dos produtos gerados. Ao mesmo tempo, ressalta o papel estratégico e relevante do B2E CoLAB como membro do grupo de trabalho instituído para desenvolver e implementar as estratégias do Centro Internacional de Biotecnologia Azul. Esta participação reforça o compromisso do B2E CoLAB com o crescimento e a inovação na área da biotecnologia azul em Portugal.

 

A biotecnologia marinha é uma área promissora dentro da bioeconomia azul, dedicada à exploração sustentável dos recursos marinhos. O B2E CoLAB atua nessa área e outras, como a aquacultura sustentável, promovendo a produção de organismos aquáticos e a valorização de recursos marinhos vivos, como microalgas, para o desenvolvimento de produtos de alto valor.

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