Consumidores, inovação e sustentabilidade em foco no Blue Wink-E 2024
No passado dia 25 de outubro, Matosinhos foi o palco do evento Blue Wink-E 2024: Escolher Azul, Viver Verde, promovido pelo B2E CoLAB para a Bioeconomia Azul. Este encontro reuniu especialistas e líderes do setor, com o objetivo de discutir o papel do consumo consciente, no âmbito dos produtos do mar.
A sessão de abertura foi conduzida por Marlos Silva, presidente da Direção do B2E CoLAB, que destacou a necessidade de estabelecer uma ligação robusta entre ciência, inovação e mercado para realizar o pleno potencial da Bioeconomia Azul. “A ciência avança a passos largos, mas o verdadeiro desafio está em traduzir essas descobertas em soluções práticas e aplicáveis que beneficiem a economia, as empresas e a sociedade”, afirmou.
O evento destacou-se por duas mesas redondas principais. A primeira, “Estratégias da Bioeconomia Azul para Conquistar o Consumidor”, moderada pelo jornalista da RTP, Manuel Fernandes Silva, contou com a participação de Renata Serradeiro, CEO da Flatlantic; Maria João Alegria, da Sumol+Compal; Célia Rocha, da Sense Test; e Patrícia Gonçalves, do B2E CoLAB.
Os especialistas enfatizaram a necessidade de estratégias de comunicação e marketing que utilizem o storytelling e a degustação para criar uma ligação emocional com o consumidor. O caminho para a fidelização passa não só por ouvir a opinião dos consumidores, mas também por envolvê-los no processo de criação dos produtos, garantindo assim uma experiência sensorial aprimorada. A compreensão da origem e do propósito dos produtos da bioeconomia azul contribui para um vínculo mais forte e um interesse genuíno por opções sustentáveis.
Um dos pontos centrais da discussão foi a desmistificação e a eliminação de desinformações sobre as potencialidades da aquacultura. Os participantes desta mesa-redonda consideraram crucial formar quem vende, mas também quem compra, assegurando que os consumidores façam escolhas informadas nos pontos de venda. Foi sugerida a criação de campanhas que conectem os consumidores à cadeia de produção, por forma a desmistificar mitos. A colaboração entre diferentes setores da bioeconomia azul e o apoio de organizações independentes, como a APA (Associação Portuguesa de Aquacultores) e o B2E CoLAB, foram destacados como fundamentais para promover mudanças de mentalidade e de regulamentação que incentivem a aquacultura.
Na segunda mesa-redonda, “Produtos da Bioeconomia Azul no Mercado”, novamente moderada por Manuel Fernandes Silva, participaram o chef com estrela Michelin Arnaldo Azevedo, Pedro Silva, Gestor de I&D da TMG Textiles, Leonor Almeida Garreta, do Continente Food Lab, e Helena Abreu, presidente da International Seaweed Association.
A discussão abordou ainda o potencial dos recursos marinhos, como algas e subprodutos do pescado, na criação de novas categorias de produtos. O reaproveitamento de redes de pesca e algas para extração de pigmentos foi destacado, evidenciando que a reutilização de materiais já se tornou uma realidade no setor.
Os palestrantes sublinharam a importância de uma abordagem colaborativa e multissetorial, reforçando o conceito “One Health”, que integra a saúde humana, animal e ambiental.
O papel das empresas na inovação e sustentabilidade foi outro tema discutido. Os participantes analisaram o impacto das grandes cadeias de retalho e do setor agroalimentar na promoção de produtos da bioeconomia azul, citando exemplos de parcerias bem-sucedidas entre a inovação e o mercado.
O Blue Wink-E 2024 reafirmou a relevância da bioeconomia azul como uma abordagem vital para o desenvolvimento sustentável, destacando o papel fundamental que todos os setores da sociedade devem desempenhar para garantir um futuro mais sustentável, onde escolher azul significa viver verde.