Quais são os principais resultados do seu trabalho sobre bioeconomia azul?

Ao realizar investigação desde a valorização dos recursos marinhos e subprodutos até às aplicações biomédicas, vejo dois resultados principais do meu trabalho: divulgar oportunidades para a valorização dos subprodutos da pesca, utilizando-os como uma nova classe de matérias-primas para a produção de biopolímeros marinhos valiosos e outros materiais; mostrar o potencial dos compostos e materiais de origem marinha para a área biomédica, nomeadamente como componentes de biomateriais para terapias avançadas.

Um projeto sobre bioeconomia azul em que participou e do qual se orgulha

O IBEROMARE, cofinanciado pelo INTERREG no âmbito do POCTEP, coordenado por nós, no Grupo de Investigação 3B – Universidade do Minho, no qual construímos uma rede de equipas que trabalham na valorização biotecnológica de diferentes recursos biológicos marinhos (incluindo subprodutos), mostrando o seu potencial numa vasta gama de campos de aplicação. Este projeto também marcou o momento em que uma nova linha de investigação foi estabelecida na instituição, começando a moldar a minha carreira.

A melhor dica de bioeconomia azul que segue no seu dia a dia

Não há desperdício: apenas outro tipo de recursos; na verdade, há muito mais para saber do que aquilo que se vê à superfície.

Um curso, um evento, uma reunião, uma pessoa que impactou e mudou ou reforçou as suas ideias/métodos/procedimentos de trabalho – boas práticas

Este tem sido um processo de aprendizagem contínua, visto que os oceanos podem ser benéficos para a nossa saúde de muitas maneiras diferentes. Mas posso destacar uma visita à Islândia em 2017, onde aprendi sobre os esforços deles para utilizar 100% do bacalhau, desde alimentos até muitas aplicações diferentes usando extratos e materiais do bacalhau, pois isso mostrou que é possível, quando uma equipa multidisciplinar trabalha em conjunto em direção a um objetivo comum, sentindo que isso realmente beneficiará a todos.

Como imagina a bioeconomia azul daqui a 30 anos? (Previsão)

Continuaremos a ser surpreendidos por novas descobertas, mas serão criadas diferentes empresas que tirarão partido dos recursos biológicos marinhos de forma sustentável: para além das pescas, teremos empresas de aquicultura implementadas e a trabalhar sob um quadro regulamentar claro (explorando diferentes classes de organismos) e também empresas focadas em ingredientes ativos e aplicações (incluindo cuidados de saúde) baseadas em compostos de origem marinha a operar no mercado, competindo com outras. Esperamos que a circularidade seja uma realidade nos processos de produção de todas as empresas que trabalham com recursos marinhos. Tudo isto existe em conceitos e abordagens de investigação, mas a tradução para a economia, com impacto na sociedade, ainda está na sua infância. Acredito que as próximas décadas trarão o crescimento do setor à sua vida adulta.

O melhor de trabalhar com a B2E

Ter uma equipa na interface entre a I&D e a Economia/Empresas, totalmente dedicada a promover a transformação da Ciência em Inovação.

Uma ideia para melhorar o trabalho com a B2E

Estabelecimento de projetos-piloto em diferentes tópicos para servir de gatilho para novos desenvolvimentos. Isso depende também de financiamento, previsível no tempo (para permitir o planeamento) e de apoio ao «vale da morte», além da vontade e do empenho dos atores.

Quando não está a trabalhar, está:

Com os meus filhos. Sou um pai orgulhoso de quatro filhos e, por isso, estou sempre a tentar aprender como fazer o melhor por eles (e o que isso realmente significa).