Quais são os principais resultados do seu trabalho na bioeconomia azul?

Trabalho na aquicultura marinha, no grupo SEA EIGHT, que baseia a sua produção em sistemas RAS (Recirculating Aquaculture Systems, ou Sistemas de Aquicultura Recirculante). Na SEA EIGHT, produzimos linguado (Solea senegalensis) desde o ovo até ao tamanho comercial. As nossas instalações estão equipadas com a mais recente tecnologia, a fim de garantir o bem-estar dos peixes e a máxima sustentabilidade com uma melhor utilização dos recursos. No nosso processo, reciclamos 97% da água do mar. O nosso objetivo é produzir muito mais linguados do que as atuais 800 toneladas. Só assim poderemos garantir o abastecimento de proteínas para as gerações futuras e reduzir a sobrepesca nos oceanos.

Um projeto de bioeconomia azul em que participou e do qual se orgulha

O projeto Rearling resultou de uma enorme vontade de desenvolver a reprodução artificial do linguado (Solea senegalensis) a nível industrial, contribuindo para superar um dos gargalos desta indústria, promovendo a seleção genética desta espécie e reduzindo a pressão da pesca de reprodutores selvagens. Temos outros projetos relacionados com a promoção do bem-estar dos peixes nos sistemas RAS e estou muito orgulhoso de que esta seja uma das prioridades da empresa: produzir de forma sustentável.

A melhor dica de bioeconomia azul que segue no seu dia a dia

Consumir peixe de aquicultura e explicar aos meus amigos como é importante e seguro consumir estes produtos. Não só o peixe, mas também as macroalgas marinhas são produzidas em sistemas multitróficos. Por isso, tento sempre consumir produtos marinhos sem continuar a exercer pressão sobre os recursos do oceano.

Um curso, um evento, um encontro, uma pessoa que influenciou e mudou ou reforçou as suas ideias/métodos/procedimentos de trabalho – boas práticas

Em 1989, no âmbito de um projeto para a construção de um viveiro de robalo e sargo em Peniche, parti para Itália com 10 colegas da FCUP e do ICBAS. Durante seis meses, trabalhámos intensamente na aquicultura marinha, no início dos anos 90, quando nada se sabia sobre esta atividade em Portugal. Esse período marcou o meu percurso profissional. Na verdade, apaixonei-me por este trabalho, que combina tecnologia, natureza, mar, biologia, peixes e pessoas.

Maria Teresa Dinis, amiga e professora, é a pessoa que mais me impressionou nestes 30 anos como bióloga aquacultora. Ela é um exemplo de ética de trabalho, espírito pioneiro, disciplina e força de caráter, mas, acima de tudo, valorizo-a pela sua confiança e amizade. Graças a ela, passámos da aquicultura em baldes para a aquicultura em tanques.

Como imagina a bioeconomia azul daqui a 30 anos? Previsão

Muito mais responsável e sustentável. Acho que as novas gerações serão muito mais ativas na exigência de uma bioeconomia mais respeitosa com o ambiente e os recursos marinhos. Daqui a 30 anos, a aquicultura terá de desempenhar um papel de liderança, com métodos de produção altamente sustentáveis que utilizem sistemas RAS, garantindo o bem-estar animal, com tratamento de efluentes através de sistemas de aquicultura multitrófica e desperdício zero. Gerar valor será sempre o objetivo das empresas, mas elas não devem ser recompensadas apenas pelos volumes de produção, mas também pela forma como produzem e respeitam o ambiente.

O melhor de trabalhar com a B2E

O trabalho realizado por estes jovens dinâmicos, que promovem a nossa atividade de forma alegre e responsável, é surpreendente.

Uma ideia para melhorar o trabalho com a B2E

Até agora, não tenho nenhuma sugestão. Acho que eles são uma fonte de ideias; a melhor ideia é deixá-los fazer o seu trabalho.

Quando não está a trabalhar, está:

Estou com a família, amigos e, sempre que posso, junto ao mar. Mas, infelizmente, ou felizmente, estou quase sempre a trabalhar.